Hatred: Repúdio legítimo ou demagogia?

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GAMECOIN HATRED 1

Marcelo iglesias

Se a polonesa Destructive Creations queria chamar atenção do público, ele conseguiu numa velocidade absurda com o polêmico Hatred. O game programado para chegar em 2015, exclusivo para PC, foi banido temporariamente do Greenlight, do Steam, por ser considerado violento demais e ter recebido críticas negativas. Quem assistiu ao vídeo de divulgação da produção pode conferir que o cabeludo doidão que protagoniza o título é impiedoso com quem encontra pela frente. E uma das premissas do título é executar suas vítimas de maneira brutal. Mas por que Hatred foi condenado tão rápido, enquanto outros títulos tidos como violentos e politicamente incorretos entram no mercado?

Bom, o que não faltam são justificativas dos produtores e críticas da imprensa especializada e setores da indústria ao redor do jogo. Mas o que chama atenção é que Hatred caiu em desgraça ao colocar o jogador na pele de assassino em série que mata em nome de seu ódio pela humanidade. De fato, entregar o comando de um atirador lunático para os jogadores não é algo muito nobre.

GAMECOIN HATRED

Quem jogou Call of Duty: Modern Warfare II, certamente não se esquece da missão No Russians, em que o jogador participa de um genocídio em um aeroporto. Na época, a fase gerou uma enxurrada de críticas e a solução da Activision foi aplicar uma chave que desabilitava a fase, caso o jogador se sentisse ofendido e fim de papo. Apesar da polêmica, o game vendeu aos tubos e até hoje é considerado como um dos melhores episódios da série.

Em qualquer game da série Grand Theft Auto, o jogador pode barbarizar com os transeuntes. Atropelamentos, espancamentos, fuzilamentos, tudo é permitido, sob o risco de uma perseguição policial. Apesar de pais e mães torcerem o nariz, a franquia vende como água e GTA V ainda é o game mais lucrativo da história.

A mesma liberdade se vêm na série Assassin’s Creed. O jogador pode executar quem estiver diante de seus olhos. O resultado, a série já conta dezenas de episódios e até livros. A lista é longa, com títulos como Manhunt, Bully, Kane & Linch: Dead Man, Payday: The Heist, Hotline Miami e por aí vai. Então por que Hatred é tão odiado, se ele faz exatamente o que os outros fazem, mas de uma maneira mais escrachada?

GAMECOIN HATRED 3

Parece que aos olhos da mídia especializada, do mercado e seja lá mais quem for, quando um herói é um matador em nome de uma causa, não há um dano ético e moral em seus atos. Mas, se o protagonista é um psicopata brincando de Rambo, há um clamor sobre os limites ultrapassados.

Não defendo Hatred e muito menos seus criadores, mas é de se estranhar o fato de o game rechaçado enquanto carnificinas de grandes estúdios são vistos como legais e justificáveis, com direito a chancelas de faixa etária abaixo dos 18 anos. Mas uma coisa é certa, Hatred reabre uma discussão sobre até onde a liberdade de criação pode chegar. Se limites devem ou não ser aplicados. Bom, se o objetivo da Destructive Creations era jogar vísceras no ventilador… Eles conseguiram!

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