The Last of Us – Part II: Enredo expõe feridas da humanidade decadente

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Marcelo Jabulas @mjabulas – Foram sete anos até descobrirmos o que aconteceu depois que Joel aniquilou o pessoal do laboratório dos Vaga-lumes para salvar a vida da menina Ellie. Mas valeu a pena esperar. The Last of Us – Part II chega para repetir o feito do primeiro episódio, com credenciais para se tornar o melhor game de 2020 e fechar a geração PS4 com chave de ouro. Os desdobramentos daquela aventura são o pano de fundo da vingança de Ellie, que deixa o vilarejo de Jackson, na gelada Wyoming, para lavar a alma com o sangue de seus inimigos. Mas trata-se apenas da ponta do novelo.

Durante o game, Ellie e os demais personagens mergulham numa sessão de autoconhecimento e colocam à prova valores e questões éticas (do ponto de vista de quem vive num mundo em que impera a lei do cão). Perturbações da natureza humana como: quem somos e para onde vamos borbulham no game. Ellie coleciona desenhos e anotações em seu diário, que revelam a dicotomia de ser adulta e menina ao mesmo tempo.

Mas o game vai além dos olhos da protagonista. A história é tão intensa que o jogador por vezes assume o papel dos inimigos de Ellie. É uma maneira de contar o outro lado da história e dar ao jogador um entendimentos sobre as ações desses personagens. E muitas vezes eles justificam o que seria injustificável.

Grunge para sempre

The Last of Us – Part II é um game que abusa dos detalhes e informações que permitem que “calouros” na franquia consigam entender o jogo, mesmo sem ter jogado o título original. Na trama, o mundo caiu em setembro de 2013, ano em que o jogo foi publicado. Ellie nasceu seis anos depois do colapso.

O game insere elementos de quando tudo ruiu, como a placa dos funcionários do mês e até mesmo um pôster anunciando o lançamento do álbum Lighting Bolt, do Pearl Jam, no que restou de uma loja de artigos musicais, em Seattle. Vale lembrar que disco foi lançado mundialmente em 14 de outubro de 2013. O pôster é uma espécie de agradecimento à banda liderada por Eddie Vedder, que cedeu a música Future Days, do álbum, no game, que Joel toca para Ellie.

Imersão

Encontrar registros da civilização, assim como mapas fidedignos a Seattle e uma visão de como seriam suas ruínas 30 anos depois ajudam o jogador a se envolver com a história. Assim como os diálogos, anotações e documentos coletados por Ellie. No entanto, o que faz o jogador sentir a garganta seca é o medo.

Ele absorve a tensão de estar num ambiente hostil e com poucos recursos para se defender. O game não é generoso com o jogador quando o assunto é munição, armas e consumíveis. E ter apenas uma bala na agulha é o que torna esse game tão intrigante. É preciso ser silencioso, criativo e rápido para eliminar ameaças, armadilhas e até mesmo colocar infectados para atacar os humanos são soluções que podem limpar uma área e ainda ajudar Ellie a poupar recursos.

Novos inimigos

Como em toda boa história distópica, sempre emergem grupos opressores, como os Salvadores, de The Walking Dead. Em The Last of Us pipocaram milícias ao redor do que sobrou dos Estados Unidos. Agora a grande ameaça é o grupo radical Washington Liberation Front (WLF). Esses caras tocaram a força-tarefa oficial (Fedra) de Seattle. E se não bastasse ainda há uma seita de fanáticos na região. Ambos são extremamente perigosos e executam seus desafetos de forma sádica. Não é raro encontrar relatos de execuções ou deparar com cadáveres pendurados pelo pescoço. Assim, qualquer coisa que se mova no game é uma ameaça.

Infectados

Mais uma vez Ellie precisa enfrentar infectados pelo fungo que ataca o cérebro e provoca mutações nos humanos. Além dos infectados há também os estaladores. Trata-se de um estágio mais avançado da mutação em que eles perdem a visão, mas têm audição apurada e são letais se conseguirem chegar até o jogador.

Muitas vezes o jogador terá que atravessar locais cheios de estaladores e infectados. A dica é eliminar primeiro os estaladores, de forma furtiva. Depois, os infectados. Caso o jogador alerte um deles, o amigo pode até tentar fugir, mas dificilmente sairá vivo. Se não bastasse, os produtores incluíram um novo tipo de infectado que expele ácido.

Palavra final

The Last of Us – Part II chega encerrar de forma grandiosa a geração PS4, que foi a segunda mais bem sucedida desde que a Sony entrou no varejo de consoles, em 1995. Trata-se de um game impecável e com excelente jogabilidade, gráficos bastante detalhados (com direito a distorções de projeção de sombras de acordo com o ângulo da fonte de luz). É um game com enredo primoroso, que não poupa o jogador de grandes dores, discussões e perturbações morais.

Ele, muitas vezes, tem o poder de decidir se mata ou não outro ser humano. E muitas vezes suas ações são criticadas. Em dias de pandemia, em que nossas atitudes podem prejudicar ou ajudar terceiros, a história de Ellie chega em boa hora para nos fazer refletir qual é nosso papel no mundo que vivemos.

Exclusivo para PS4, a partir de R$ 250.


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