Lançado em agosto de 1994, The King of Fighters 94 unificou as franquias da SNK

Marcelo Jabulas | @mjabulas – No final dos anos 1990 o mercado de jogos para fliperamas pegou fogo. Com plataformas mais sofisticadas, concorrentes como SNK, Capcom e Konami se tornaram soberanas ao redor do mundo.
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Enquanto a Konami disputava a predileção nos jogos tipo Beat ‘em up (The Simpsons e Tartarugas Ninja), a SNK enxergava potencial nos jogos de luta PvP (Fatal Fury). No entanto, a Capcom atacava em todos os lados. E o mais interessante, com muito sucesso.
A SNK se gabava de seu poderoso hardware e por ter colocado no varejo o caríssimo e fascinante Neo Geo. Esse console com imensos joysticks (iguais aos das máquinas de fliperama) era o máximo. Para fazer jus a todo seu potencial, a SNK disparou a lançar jogos de vários segmentos, mas os de luta eram os mais populares.

Fatal Fury era um dos títulos mais populares, com belos gráficos e cenários com passagem de tempo a cada round. Era simplesmente lindo. Mas como lembrou Garrincha ao técnico Feola, em 1958: “faltou combinar com os russos.”

Isso porque em 1991 a Capcom publicou Street Fighter II e o mundo nunca mais foi o mesmo. Ryu e Ken, que se apresentaram de forma tímida em 1987, no primeiro game da franquia, voltaram anabolizados em com a companhia de outros lutadores fascinantes como Zangief, Chun-Li, E. Honda, Blanka e por aí vai.
The King of Fighters x Street Fighter II
Para tentar conter a febre de SF II, a SNK publicou em 1992 Art of Fighting, queria era ótimo, mas sem o mesmo carisma. Ao mesmo tempo que a Capcom apenas refinava Street 2, com edições melhoradas e acréscimos de novos personagens.

E se não bastasse, os malucos da Midway publicaram o polêmico Mortal Kombat. Dois golpes pesados na SNK, que tentava convencer o consumidor a gastar uma fortuna no Neo Geo doméstico, assim como olhava preocupado para as casas de fliperama que poderiam trocar suas caríssimas máquinas por concorrentes mais baratos e divertidos.
Mistura de quatro franquias
E numa medida desesperada, ela publicou em agosto de 1994 resolveu misturar Fatal Fury, Art of Fighting, assim como personagens das franquias Ikari Warriors e Psycho Soldier num game só. Assim nascia The King of Fighters 94, ou KOF para os íntimos. Vale lembrar que King of Fighters era o “sobrenome” de Fatal Fury e ficava estampado em letras garrafais na tela de seleção das lutas.

E deu certo, com uma lista farta de lutadores, em que os jogadores formavam equipes com três lutadores, cada um defendendo um país, inclusive o Brasil. Assim, toda luta tinha pelo menos três rounds, já que cada lutador lutava por um assalto.
Ou seja, era possível estender significativamente as batalhas entre dois jogadores, assim como no modo PvC (jogador contra a máquina). Na prática, cada ficha entregava muito mais diversão. Na economia do fliperama, era um ativo e tanto.
Gráficos aprimorados
Além disso, havia a grandiosidade de um game SNK, com seus gráficos muito superiores aos dos demais estúdios. KOF 94 dava um banho no em Street Fighter, quando o assunto era visual.
Seus gráficos eram muito sofisticados e abusavam do poder de processamento do sistema Neo Geo MVS (fliperama), assim como o console doméstico (Neo Geo AES). Era um game lindo, com uma paleta de cores muito mais rica que dos demais jogos de fliperama.
E quando se colocava o Neo Geo (console) do lado do Super Nintendo ou Mega Drive, o abismo visual era absurdo. Mas claro, pouca gente conseguiu jogar o Neo Geo em casa e fazer tal comparação. O console era caríssimo e custava US$ 650, ante os US$ 199 do Super NES. Hoje, um Neo Geo lacrado pode custar até R$ 17 mil. Reza a lenda que ele vendeu apenas 1 milhão de unidades.

Mas isso pouco importou para a SNK. The King of Fighters se tornou um sucesso absurdo com 15 títulos, outros cinco spin-offs e pelo menos outras 30 derivações, como compilações e edições mobiles e versões simplificadas para portáteis como Game Boy.
O episódio mais recente da franquia principal, The King of Fighters XV, foi publicado em 2020, que mantém praticamente a mesma estrutura, mas com jogabilidade aprimorada, sempre no encalço de Street Fighter e Mortal Kombat. Nada como a concorrência para nos tirar do lugar comum.