O fascinante mundo em 8-bit

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GAMECOIN TOP GAME

Diego Ortiz

Os anos 80 foram muito loucos, isso todo mundo já sabe. Nasci em 80, ou seja, não tive tempo de usar as ombreiras coloridas e nem os cabelos de permanente, mas pude apreciar uma das maiores revoluções digitais da história: a chegada do 8-bits pleno no videogame com o lendário Famicon. Hoje se fala muito do processamento absurdo e da beleza dos gráficos do PS4 ou Xbox One e, sim, eles são incríveis. Mas nada se compara a 15 de julho de 1983, quando o NES surgiu no Japão deixando para trás os gráficos baseados em blocos. Antes que vocês me xinguem, eu sei que o Atari 2600 já tinha 8-bit, mas vocês sabem do que estou falando.

Enfim, eu já babava como um lobo atrás de uma presa em cima do NES, vendo nas revistas especializadas e programas de TV, mas o dinheiro, aquele ser transformador de vidas, me faltava. Até que em 1989 surge em minha casa aquele cara que eu tive a sorte de chamar de pai com um CCE Top Game VG8000 (foto principal). Ele era uma gambiarra sem tamanho. Visual clonado do Sega 1000 (foto abaixo), cabo de RF para ligar na televisão, controle mais para o Atari do que para o NES, enfim, um Frankenstein. Mas ele tinha duas coisas lindas: era barato e vendido no Brasil sem atravessadores do Paraguai.

GAMECOIN SG1000

Com as mãos suando mais que na minha primeira vez – que aconteceu muitos anos depois, eu não perdi a virgindade com nove anos – encaixei a fita de Road Fighter nele e quase não acreditei quando a sua tela de start extremamente simples apareceu. Sempre fui muito viciado em carros, é meu ganha pão até hoje, e poder acelerar aquele carro com uma real sensação de velocidade na tela foi incrível. Ele não era mais legal conceitualmente que o Enduro do Atari, mas o carrinho corria rápido de verdade – chegava a ilusórios 400 km/h – e seus movimentos exigiam muito reflexo para desviar dos carros que vinham em sua direção e da poças de óleo. Era demais.

GAMECOIN ROAD FIGHTER

Porém, o mundo era outro. Minha casa era até bem tecnológica. Nós tínhamos um som 3×1 e tudo e eram duas as televisões. Mas apenas uma era colorida e minha mãe não queria mais saber de um mundo de fantasia novelístico monocromático. E o que era para ser alegria sem fim virou briga, manha, choro de verdade. Eu não queria me desligar do meu mais novo e moderno amigo – a não ser para jogar bola, por causa disso eu sempre parei tudo na minha infância.

Foram dias de negociação com a dona da casa até que se estabeleceu a seguinte norma: chegada da escola. Descanso. Duas horas de estudo. Mais duas horas de Top Game. Fim. Hora da novela. Justo vai! Confesso que era difícil se concentrar no estudo enquanto olhava aquele belezinha preta e vermelha olhando para mim. Mas no fim eu consegui.

E nunca vou esquecer aquele som de aceleração que mais parecia um abelha louca, o barulho do caminhão que soava como um aspirador de pó trancado no banheiro e a torcida desesperada pela aparição de um carrinho branco de combustível que daria chances de chegar na linha de chegada e ouvir aquela música sensacional da vitória. Ahh, já ia esquecendo. Em algumas fases aparecia um Superman voando (??????) para te distrair.

Tem coisas que só o 8-bit faz por você!

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