Review – Pilotamos Gran Turismo 6

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GRAN TURISMO 6 C

Por Marcelo Iglesias

Depois de 15 anos jogando “Gran Turismo”, a gente acaba tomando tanta intimidade com a franquia que se sente no direito de opinar sobre tudo. Dessa forma, fazer uma análise de “Gran Turismo 6” foi algo que exigiu cuidado, para não cair na perseguísse. “GT6” melhorou consideravelmente, quando se compara com seu antecessor. Apesar de os não iniciados não encontrarem grandes revoluções, é perceptível que as melhorias técnicas de física, efeitos de luz, sombras e reflexos deram um grande salto de qualidade. Alguns problemas crônicos foram mantidos, assim como algumas ausências, que teimamos em não aceitar.

Graficamente, “Gran Turismo 6” não deixa nada a desejar para os recentes jogos de corrida e provavelmente irá bater de frente com as produções da atual geração de consoles. Mesmo com hardware inferior, o pessoal da Poliphony Digital arrancou leite de pedra para finalizar o trabalho. Rodando em Full HD e com uma taxa de frames de 60 FPS, dá gosto assistir aos replays depois da corrida, só para ficar admirando os detalhes que não são percebidos quando se está diante do volante. No entanto, quando se eleva o nível de detalhamento algumas falhas ficam evidentes, como um movimento artificial da carroceria, quando se tenta alinhar a direção, durante o replay. A impressão que se tem que é há um salto de quadros. Mas tudo bem, a gente fecha os olhos para isso.

GRAN TURISMO 6

No entanto, a seara sonora ainda carece de atenção. Apesar de a produtora ter dito, lá atrás, na época do desenvolvimento de “GT 5”, que a empresa tinha feito um trabalho para reproduzir com fidelidade os sons de cada modelo, muitos praticamente oferecem o mesmo tipo de ronco. Na verdade, a única diferença, muitas vezes é quando se instala um turbocompressor, daí o som fica mais agudo, por causa do zumbido da turbina.

Ainda no quesito áudio, quem jogou as versões japoneses da franquia, certamente se lembra do tema de abertura “Moon Over The Castle”, do guitarrista japonês Masahiro Andoh, que abria todos os games, desde o “GT” original. Em “GT6” a trilha de abertura fica por conta do pianista chinês Lang Lang, que sonoriza o vídeo que inclui imagens do Instituto Ayrton Senna, já que o game faz uma homenagem aos 20 anos de sua morte, em 2014.

A jogabilidade está mais refinada, mesmo para quem utiliza o DualShock 3 ao invés de um volante. As modificações do setup alteram realmente parâmetros aerodinâmicos e de estabilidade e não se limitam a entrega de potência e velocidade final. Um ponto interessante é que os produtores trabalharam muito bem as características de cada modelo, considerando inclusive a impossibilidade de inserir assistência eletrônica. Por exemplo, ao escolher um Toyota GT 86, com seus duzentos e poucos cavalos, tração traseira é possível entrar com a faca nos dentes em uma curva e sair dela se achando o máximo. Tudo graças à assistência dos controles de tração e estabilidade.

GRAN TURISMO 6 A

Logo em seguida busque um modelo mais antigo, mas com Pontos de Performance equivalente. Um Lancia Stratos basta. O bólido italiano tem oferta de potência e torque não muito diferentes do japonês e não conta com nenhum tipo de assistência. Na primeira curva, obedecendo o assistente de traçado e frenagem, o jogador perde a traseira do Lancia e, ao tentar corrigir ele chicoteia com tanta força, que sua corrida vai para o brejo. Nesse ponto, os meninos da Poliphony foram impecáveis

Os carros e pistas de Gran Turismo 6

Desde de 1998 a série vai coletando automóveis ao acervo. Apesar de alguns modelos das primeiras edições terem sido expurgados, como o Dodge Viper RT10, a maioria vem se perpetuando. Dos 1.207 carros disponíveis. Muitos são versões do mesmo modelo, como no caso do Nissan Skyline GT-R, que tem dezenas de variações. Para poupar o dinheiro do jogador opte pelo R34 V-Spec Nur II. Ele oferece os mesmos 280 cv, mas se consegue melhores médias. E quem abrir o game hoje, domingo (15), verá que que o novíssimo BMW M4 acaba de engrossar a lista.

GRAN TURISMO 6 D

No entanto, uma das grandes atrações do título é o Mercedes-Benz AMG Vision Gran Turismo. O modelo foi desenhado pela marca alemã e estreou no game. Trata-se de um conceito elaborado pelo recém-criado centro de design da marca na Califórnia. Como se trata de uma versão conceitual, inspirada nos modelos de competição do período pré Segunda Guerra e nos monopostos da Fórmula 1, ele só conta com a carroceria finalizada, tanto que quando se muda a visão para o cockpit, não há nada. Uma puta ducha de água fria.

Para quem esperava ver um Porsche genuíno, é melhor esquecer. Por questões contratuais, do fabricante com a Electronic Arts, os esportivos alemães não entraram na brincadeira. Para quem quiser, resta as versões modificadas pela RUF, que apesar de não contar com o purismo oferece três edições do 911 e uma do Boxter.

Já as pistas são as mesmas de sempre, com algumas modificações de traçado e o retorno de algumas opções que tinham ficado de fora de “GT5”, como o circuito de Twin Motegi, no Japão. No entanto, os produtores pecaram em deixar de fora o autódromo norte-americano de Sonoma, presente em “Gran Turismo 4”, que tem um traçado enjoadíssimo, e que por isso é tão fascinante.

Menus e desafios

A concepção visual do game ficou mais simples e ao mesmo tempo mais complicada de entender. A falta de botões para seguir para as provas seguintes, nos modos campeonato e habilitação, fazem com que o jogador tenha que retornar ao menu original e gastar minutos preciosos com o vai e vem. Tudo bem que o game está carregando mais rápido do que seu antecessor, mas mesmo assim é um pé no saco.

Por outro lado o jogo está mais equilibrado, pois exige que o jogador participe de todas as provas iniciais para ir graduando. Nos demais sempre foram assim, pode pensar o leitor, mas em “GT5”, a grande sacada é focar nos “Eventos Sazonais”, que sempre pagaram fortunas de prêmios e permitia fazer um belo caixa rapidamente. Agora, os eventos só são desbloqueados quando o jogador consegue a habilitação “Nacional 1”, que é a terceira na hierarquia. Ou seja, é preciso passar um perrengue antes que a torneira dos créditos se abram.

GRAN TURISMO 6 B

No entanto, não pense que a mudança visa o maior envolvimento do jogador com a sua campanha. Em “GT6” a Sony elaborou uma casa de câmbio, em que o jogador pode comprar créditos com dinheiro real. E como os prêmios das provas regulares pagam verdadeiras ninharias, o jogador fica tentado a gastar uma grana extra para equipar a garagem. Mas cuidado, pois o rombo no cartão de crédito é de verdade e não de brincadeira

Conclusão Gamecoin

“Gran Turismo 6” é um belo game e que encerra sua trajetória no PlayStation 3 com grande maestria. A melhoria visual é sutil, mas significativa, assim como a expansão do acervo de automóveis, que passa a contar com modelos atualizados, mas que peca por não resolver o imbróglio contratual com a Porsche. Mesmo assim é um belo game. Para quem tem “Gran Turismo 5”, e curte a série, a aquisição de “GT6” é obrigatória, mesmo que se tenha que construir a carreira do zero novamente. Para quem ainda não jogou nenhum título, não se apegue pelos preços promocionais da versão anterior e aposte seus suados R$ 149 em “GT6”.


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