NES Classic Edition: A salvação debaixo do nariz

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GAMECOIN NES CLASSIC O1

Marcelo Iglesias | Redação GameCoin

Este artigo, na verdade, seria para falar sobre o fenômeno Pokémon Go. Mas a Nintendo estremeceu o mundo pela segunda vez em duas semanas com o anúncio do lançamento do NES Classic Edition, uma reedição do seu console mais famoso, lançado em 1985, que chegará aos mercados norte-americano e europeu em novembro por honestos US$ 59 (R$ 195), com 30 games na memória, saída HDMI e opção de aquisição de joysticks avulsos por singelos US$ 9,99 (R$ 32,50). Mas por que dar espaço para o novo velho console se o game de celular se tornou o maior sucesso da empresa desde o lançamento do próprio NES?

Dois motivos. O primeiro é que todo mundo já está careca de saber das possibilidades de Pokémon Go, que o game fez com que os papeis da empresa tivessem uma supervalorização, fazendo com que o valor de mercado da Big N atingisse o equivalente a US$ 9 bilhões, além de ter superado redes sociais como o Facebook em tempo de permanência. O segundo motivo é que sem o NES, a Nintendo não seria a Nintendo que se conhece hoje.

O NES, abreviação para Nintendo Entertainment System, que foi a versão ocidental do Nintendo Family Computer (Famicom), pode ser considerado com um dos principais atores da indústria de games, pois seu sucesso estimulou a expansão do setor. Com quase 62 milhões de unidades, o console não foi o mais vendido da história, uma vez que o recorde histórico ainda pertence ao PS2 com mais de 155 milhões de unidades comercializadas. No entanto, o NES conseguiu esse volume expressivo numa época em que o negócio de videogames domésticos era visto com brinquedo de criança.

E qual é a importância dele hoje? Simples, não é novidade para ninguém que mercado de games antigos ainda movimenta muito dinheiro. Basta observar nos sites de usados e leilões a quantidade de ofertas de consoles e cartuchos antigos, assim como o crescimento do mercado de consoles “caseiros” montados a partir de mini computadores como o Infanto ou Retropixel, que rodam emuladores e ROM`s de diversas plataformas, do Atari 2600 ao Nintendo 64, dentre outros.

GAMECOIN RETROPIXEL

O retorno do NES chega para atender a uma demanda aquecida por esse tipo de produto, que soa tão natural com o retorno do LP há alguns anos e que ainda hoje movimenta cifras consideráveis no mercado fonográfico, mesmo após a revolução do iTunes e dos mais recentemente Spotify e Deezer.

Para a Nintendo é um belo negócio, pois mesmo que a arquitetura física do aparelho tenha sido redimensionada e tenha sofrido a adição das saídas HDMI, dos novos conectores dos joysticks e também a unidade de armazenamento dos games, trata-se de um investimento ínfimo comparado ao custo de desenvolvimento de um console da atual geração. Além disso, a Nintendo fará o que centenas de marcas de fundo de quintal têm feito, que é reaproveitar seu conteúdo.

Clássicos do NES

Não há necessidade de ser produzir novos títulos. O NES tem uma biblioteca gigantesca e a curadoria feita para a reedição é impecável com games das séries Super Mario Bros, Mega Man, Castlevania, entre outras franquias que ajudaram o console a se tornar um clássico.

No entanto, vale lembrar que a Nintendo não foi a primeira empresa a apostar nos antigos. No Brasil, a Tectoy ainda vende o Master System, em versão compacta com mais de 130 games inclusos por cerca de R$ 200. Pena que não tem a silhueta do Master System original.

GAMECOIN MASTER SYSTEM

Mesmo assim, a Big N tem a chance conseguir sair do estado de penúria que lhe tem afligido desde de o lançamento do Wii U, que tem sido um fracasso comercial, mesmo com a adição de acessórios como os Amiibos (que são bonequinhos que podem interagir com o console) assim como o excelente Super Mario Maker, que dá ao jogador a liberdade de criar suas próprias fases e compartilhar entre a rede de jogadores. A Nintendo sabe que não pode se dar ao luxo de outro fracasso comercial, no caso o misterioso NX que chega no ano que vem. Além sabe que se atualmente é impossível brigar com Sony e Microsoft no segmento topo de linha, a situação ficará ainda mais complexa com a chegada do Xbox “Scorpio” e também com tal do “PS4K”, que apesar não confirmado é dado como certo pela mídia especializada.

E nesse cenário o novo NES pode ser a “tábua da salvação” da empresa. Pois é  um equipamento de baixo custo (haja visto o valor anunciado) e tem tudo para ter uma grande aceitação, inclusive no mercados emergentes como China, Índia, Brasil e no restante da América Latina, locais onde a Nintendo já tem desenhado uma ofensiva para ampliar sua participação global.

A hora da Nintendo é agora, a repercussão do NES Classic Edition tem sido muito boa – tanto por parte da imprensa, quanto do público nas redes sociais. Há uma euforia saudosista de quem teve o aparelho na infância e não vê obstáculos de pagar US$ 59 – nem que seja para ficar contemplando a caixinha!

E se der certo, quem sabe amanhã não veremos “pequeninos” Super NES, N64 e Game Cube?


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